A convivência de animais com seres humanos é algo muito antigo, porém essa relação vem sofrendo algumas mudanças. Dos quintais eles começaram a ocupar o interior das casas, muitos compartilhando da cama de seus tutores para dormir, recebendo títulos que reforçam a importância e o significado deste animal nesta família: filho, neto, sobrinho, etc.
Esta convivência é comprovadamente benéfica para o ser humano, mas como lidar com a perda de um animal que tem tanto significado? O luto é vivenciado a partir do vínculo afetivo com este animal. Parkes (2009), fala que “o amor é a fonte de prazer mais profunda da vida, ao passo que a perda daquele que amamos é a mais profunda fonte de dor”.
Falar de morte ainda é um tabu, assusta e pode causar sensação de medo, porém é algo que precisamos falar para que possamos elaborar de uma forma menos traumática, uma vez que, em algum momento, inevitavelmente iremos nos deparar com essa situação em nossas vidas.
É fato que nunca estaremos preparados para uma notícia dessas, no entanto, existem meios de suporte para auxiliar na elaboração dessa perda. O luto é um processo que não tem tempo para terminar, ele não tem fases e não é regra. É algo vivenciado de forma individual, onde cada pessoa reage de uma maneira diferente no enfrentamento deste processo, e todos eles devem ser acolhidos e respeitados, cada um da forma como consegue.
Existem processos de luto que podem ser vivenciados pelos tutores no decorrer da vida desse animal, como por exemplo, o envelhecimento e o processo de adoecer, este último caso podendo ser desde um simples mal estar do animal, até uma doença crônica mais complexa. Neste caso estamos falando de luto antecipatório no qual este tutor vivencia uma experiência de quebra do vínculo afetivo. Este sentimento também deve ser reconhecido e validado, pois é importante conversar com esse tutor e fazer com que ele entenda que haverá uma nova relação com este animal a partir disso e que tudo bem esse tutor sentir-se triste ou com medo do processo de finitude.
Perder faz com que o indivíduo entre em um processo de tentativas de reorganização, e com o acolhimento do Psicólogo especializado na área os desafios podem ser compartilhados em busca de uma reconstrução da nova identidade familiar.
O objetivo do acolhimento psicológico de luto por pets não é fazer com que esse tutor ou essa família supere essa perda ou esqueça esse animal, mas auxiliar no enfrentamento de suas dores, ressignificar e validar a importância do lugar que esse animal ocupou e sempre vai ocupar.
Se você passou ou está passando por esse processo, se acolha, valide seus sentimentos, se permita viver essa saudade. Não tenha medo nem vergonha de falar sobre isso, ou buscar uma rede de apoio e ajuda para entender o seu processo, afinal você perdeu o que foi durante algum tempo da sua vida a referência do que é um amor incondicional!
Um abraço,
Cíntia Rezende
Acolhendo Tutores e Médicos Veterinários
Psicóloga – CRP 04/29365
Graduanda em Medicina Veterinária
Insta: @caesgatosenos
